“Nesta segunda etapa do processo de
conformação à imagem de Cristo, percebemos que a perspectiva muda do passado
para o presente, da predestinação eterna de Deus para a transformação que ele
opera em nós agora pelo Espírito Santo. O propósito eterno da predestinação
divina de nos tornar como Cristo avança, tornando-se a obra histórica de Deus
em nós para nos transformar, por intermédio do Espírito Santo, segundo a imagem
de Jesus. Isso nos leva ao terceiro texto: 1 João 3:2: “Amados, agora, somos
filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que,
quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo
como ele é”. Não sabemos em detalhes como seremos no último dia, mas o que de
fato sabemos é que seremos semelhantes a Cristo. Não precisamos saber de mais
nada além disso. Contentamo-nos em conhecer a verdade maravilhosa de que
estaremos com Cristo e seremos semelhantes a ele, eternamente. Aqui há três
perspectivas: passado, presente e futuro. Todas apontam na mesma direção: há o
propósito eterno de Deus, pelo qual fomos predestinados; há o propósito
histórico de Deus, pelo qual estamos sendo transformados pelo Espírito Santo; e
há o propósito final ou escatológico de Deus, pelo qual seremos semelhantes a
ele, pois o veremos como ele é. Estes três propósitos — o eterno, o histórico e
o escatológico — se unem e apontam para um mesmo objetivo: a conformação do
homem à imagem de Cristo. Este, afirmo, é o propósito de Deus para o seu povo.
E a base bíblica para nos tornarmos semelhantes a Cristo é o fato de que este é
o propósito de Deus para o seu povo. Prosseguindo, quero ilustrar essa verdade
com alguns exemplos do Novo Testamento. Em primeiro lugar, creio ser importante
que nós façamos uma afirmação abrangente como a do apóstolo João em 1 João 2:6:
“Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele
andou”. Em outras palavras, se nos dizemos cristãos, temos de ser semelhantes a
Cristo. Este é o primeiro exemplo do Novo Testamento: temos de ser como o
Cristo Encarnado. Alguns de vocês podem ficar horrorizados com essa idéia e
rechaçá-la de imediato. “Ora”, me dirão, “não é óbvio que a Encarnação foi um
evento absolutamente único, não sendo possível reproduzi-lo de modo algum?”
Minha resposta é sim e não. Sim, foi único no sentido de que o Filho de Deus
revestiu-se da nossa humanidade em Jesus de Nazaré, uma só vez e para sempre, o
que jamais se repetirá. Isso é verdade. Contudo, há outro sentido no qual a
Encarnação não foi um evento único: a maravilhosa graça de Deus manifestada na
Encarnação de Cristo deve ser imitada por todos nós. Nesse sentido, a
Encarnação não foi única, exclusiva, mas universal. Somos todos chamados a
seguir o supremo exemplo de humildade que ele nos deu ao descer dos céus para a
terra. Por isso Paulo diz em Filipenses 2:5-8: “Tende em vós o mesmo sentimento
que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não
julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido
em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e
morte de cruz”.
By John Stott
Fonte do original em inglês:
http://www.langhampartnership.org/2007/08/06/john-stott-address-at-keswick
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