Caras leitoras, sou filha de
um gaúcho que amava ouvir um bom tango.
Nasci ouvindo composições de Arturo de Nava, Astor Piazzolla e Carlos Gardel
dos inúmeros discos de vinil do meu pai que, algumas vezes, tentava me ensinar
alguns passos de tango descontraidamente, mas, o máximo que eu aprendi foi
encostar o rosto no dele e dar alguns passos na sala. Não levo muito jeito para
danças.
Talvez pela paixão paterna
por esse estilo musical e essa dança extremamente sensual, herdei uma admiração
tremenda pelo tango e, embora não tenha aprendido a dançar corretamente, me
emociono toda vez que assisto a um Show de Tango.
Esse ano, fugindo do
Carnaval, optamos por ouvir e apreciar um bom tango no berço
argentino desse estilo musical. Nem preciso dizer como me senti emocionada e
pude recordar com carinho as lembranças de minha infância ao lado do meu pai boêmio.
Portanto, no Post de hoje,
apresento um pouco da história do tango,
retirada do site Portal SF:
Origem
do Tango
O
Tango nasceu nos fins do século XIX derivado das misturas entre as formas
musicais dos imigrantes italianos e espanhóis, dos crioulos descendentes dos
conquistadores espanhóis que já habitavam os pampas e de um tipo de batuque dos
negros chamado "Candombe". Há indícios de influência da "Habanera"
cubana e do "Tango Andaluz". O Tango nasceu como expressão folclórica
das populações pobres, oriundas de todas aquelas origens, que se misturavam nos
subúrbios da crescente Buenos Aires.
Numa
fase inicial era puramente dançante. O povo se encarregava de improvisar letras
picantes e bem humoradas para as musicas
mais conhecidas, mas não eram, por assim dizer, letras oficiais, feitas
especificamente para as músicas nem associadas definitivamente a elas.
Em
público, dançavam homens com homens. Naqueles tempos era considerada obscena a
dança entre homens e mulheres abraçados, sendo este um dos aspectos do tango
que o manteve circunscrito aos bordéis, onde os homens utilizavam os passos que
praticavam e criavam entre si nas horas de lazer mais familiar. Mais tarde, o
tango se tornou uma dança tipicamente praticada nos bordéis, principalmente
depois que a industrialização transformou as áreas dos subúrbios em fábricas
transferindo a miséria e os bordéis para o centro da cidade. Nessa fase haviam
letras com temática voltada para esses ambientes.
Por
volta de 1910 o Tango foi levado para Paris. Existem várias versões de como
isso aconteceu. A sociedade parisiense da época em que as artes viviam o
modernismo ansiava por novidades e exotismos. O tango virou uma febre em Paris
e, como Paris era o carro chefe cultural de todo o mundo civilizado, logo o
tango se espalhou pelo resto do mundo. A parcela moralista da sociedade
condenava o tango, assim como já havia
se colocado contra a valsa antes, por a considerarem uma dança imoral. A
própria alta sociedade na Argentina desprezava o tango, que só passou a ser
aceito nos salões de alta classe pela influência indireta de Paris.
Em
1917 começaram a surgir variantes formais do tango. Uma delas, influenciada
pelo romantismo francês, deu origem ao chamado Tango-canção: tangos feitos para
musicar uma letra. Desde então, a letra passa a ser parte essencial do tango e
consequentemente, surgem os cantores de tango. O tango já não é feito exclusivamente
para dançar. Foi considerado o primeiro - ou pelo menos mais marcante nessa
transição - Tango-canção o "Mi Noche Triste" com uma letra que
Pascoal Contursi compôs, em 1917, sobre uma música mais antiga chamada
"Lita".
Nos
cabarés de luxo da década de 1920, o tango sofreu importantes modificações. Os
executantes não eram mais os pequenos grupos que atuavam nos bordéis, mas
músicos profissionais que trouxeram o uso do piano e mais qualidade técnica e
melódica.
Carlos
Gardel já era um estrondoso sucesso em 1928. Sucesso que durou até 1935, quando
faleceu vítima de um acidente de avião quando estava em pleno auge. Gardel
cantava o tango em Paris, Nova York e muitas outras capitais do mundo, sempre
atraindo multidões, principalmente quando se apresentava na América Latina.
Eram multidões dignas de Elvis Presley e Beatles. Também foi responsável pela
popularização do tango estrelando filmes musicais de tango produzidos em
Hollywood.
A
década de 1940 é considerada uma das mais felizes e produtivas do tango. Os
profissionais que haviam começado nas orquestras dos cabarés de luxo da década
de 1920 estavam no auge de seu potencial. Nessa época as letras do tango
passaram a ser mais líricas e sentimentais. A antiga temática dos bordéis e
cabarés, de violência e obscenidades, era uma mera reminiscência. A fórmula
ultra-romântica passa a caracterizar as letras: a chuva, a garoa, o céu, a
tristeza do grande amor perdido. Muitos letristas eram poetas de renome e com
sólida formação cultural.
A
década de 1950 conta com a atuação revolucionária de Astor Piazzolla. Piazzolla
rompe com o tradicional trazendo para complementar os recursos clássicos do
tango influências de Bach e Stravinsky , por um lado, e por outro lado, do Cool
Jazz.
Nessa
época o tango passa a ser executado com alto grau de profissionalismo musical,
mas no universo popular a década de 1950 vê a invasão do Rock'Roll americano e
as danças de salão passam a ser prática apenas de grupos de amantes. Na década
de 1960, uma lei de proteção á música nacional argentina já está revogada, e o
tango que era ouvido diariamente nas rádios vai sendo substituídos por outros
ritmos estrangeiros, enquanto as gravadoras já não se interessam mais pelo
tango. A juventude não só pra de praticar o tango no lazer cotidiano como passa
a ridicularizá-lo como coisa fora de moda. Com o desinteresse comercial das
gravadoras, poucos grandes tangos foram compostos. Tem sido mais comum, as
releituras de antigos sucessos e reinterpretações modernizadas dos maiores
sucessos dos primeiros tempos.
Hoje
a crítica argentina detecta um retorno do tango, cada vez mais frequente em
peças teatrais e cinematográficas.