Caras leitoras, vocês sabem que
costumo escolher vários temas do universo da Psicologia ao escolher os temas dos
Posts desse Blog.
Esta semana, excepcionalmente,
quero introduzir uma nova área que me despertou interesse, após ouvir um TEDWOMAN
de Jane Fonda onde ela ressalta as idéias de um Psiquiatra e Professor na
Universidade de Viena, autor de vários livros e publicações - Dr. Viktor Frankl sobre a Logoterapia.
Vou resumir alguns pontos
principais dessa área nas próximas semanas, contudo, gostaria de primeiramente
apresentar a Biografia desse autor formidável austríaco que faleceu aos noventa
e dois anos de idade em Viena, deixando um exemplo de vida admirável e um
legado existencial impressionante com seu testemunho de vida.
Biografia Resumida – Viktor E. Frankl
Viktor Emil Frankl (Viena, 26 de março de 1905 — Viena, 2 de
setembro de 1997) foi um médico psiquiatra austríaco, fundador da escola da
Logoterapia, que explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão
espiritual da existência.
No início da década de 1920,
quando tinha quinze anos de idade, Frankl passou a se corresponder com Sigmund
Freud. Em 1921, deu sua primeira conferência, sobre o tema a respeito do
sentido da vida.
A seguir, Frankl torna-se membro
ativo de organizações de trabalhadores socialistas jovens.
Em 1925, como estudante de
medicina, Frankl encontra-se pessoalmente com Freud e se aproxima do círculo
intelectual liderado por Alfred Adler. No ano seguinte, ele é excluído da
Association de Psychologie Individuelle, em razão de suas divergências com
Adler.
De 1933 a 1936, Frankl é diretor
do pavilhão das mulheres suicidas do hospital psiquiátrico de Viena.
Quando os nazistas tomam o poder
na Áustria, Frankl, correndo risco de perder a vida, sabota as ordens que
recebera de proceder à eutanásia de doentes mentais sob seus cuidados.
Em plena Segunda Guerra Mundial,
em setembro de 1942, Viktor, sua mulher grávida e família, (judeus são
deportados para diferentes campos de concentração) foram feitos prisioneiros
dos nazistas, tendo ele recebido a tatuagem de prisioneiro nº 119.104.
Libertado somente ao fim da
guerra, Frankl toma conhecimento de que sua mulher morreu de esgotamento
simultaneamente à liberação do campo de Bergen-Belsen. Perdeu além dela, seus
pais e irmão no Holocausto nazista.
Esta indelével experiência
pessoal será marcante em sua obra terapêutica e em seus escritos, tendo sido
capaz de manter, em tal situação desumanizadora, a capacidade de manter a
liberdade do espírito.
Nos 25 anos subseqüentes à
guerra, Frankl será o diretor da policlínica de neurologia de Viena.
Em 1948, obtém seu doutorado em
filosofia com o tema: "O Deus inconsciente". Em 1955, torna-se
professor de neurologia da Universidade de Viena.
Em 1970, em San Diego, Califórnia
(em cuja universidade federal passara a lecionar), é fundado o primeiro
instituto de logoterapia do mundo.
Foi nos Estados Unidos - país em
que também lecionou como professor visitante nas Universidades de Harvard,
Dallas e Pittsburgh - que a figura de Frankl atingiu notoriedade mundial, a
despeito de suas teses contrariarem as correntes psicanalíticas tradicionais e
dominantes.
Ao longo de sua vida, os livros
de Viktor Frankl serão traduzidos em mais de 30 idiomas.
Frankl recebeu o título de doutor
honoris causa de diversas instituições de ensino do mundo inteiro, inclusive da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Brasil.
Como conferencista, Frankl
visitou muitos países ao longo de sua vida, tendo passado pelo Brasil em 1984
(Porto Alegre), 1986 (Rio de Janeiro) e 1987 (Brasília).
Atualmente, institutos, centros
de estudos e associações de logoterapia podem ser encontrados em mais de 30
países.
A obra de Frankl é relativamente
pouco conhecida nos países de língua portuguesa e é comumente ignorada pelas
principais correntes da psicanálise (como Sigmund Freud, Alfred Adler e Jacques
Lacan).
De uma forma prática e simples
assim diferenciava a Psicanálise da Logoterapia: na psicanálise, o paciente tem
de deitar-se num divã e contar coisas que, às vezes, são muito desagradáveis de
serem contadas.
Por outro lado, na logoterapia o
paciente pode ficar sentado normalmente, mas tem de ouvir coisas que, às vezes,
são muito desagradáveis de serem ouvidas.(in Sede Sentido, São Paulo:
Quadrante, 1999).
O fundador da Logoterapia (também
chamada de "Terceira Escola Vienense da Psiquiatria"), adotou um
certo distanciamento de Freud no que se refere à etiologia sexual das neuroses
e também no que se refere à religião. Frankl considera que a neurose individual
poderia ser, em alguns casos, a expressão da recusa da espiritualidade.
Segundo Frankl, existiria no ser
humano um desejo e uma vontade de "sentido". Ele percebeu que seus
pacientes não sofriam exclusivamente de frustrações sexuais (Freud) ou de
complexos como o de inferioridade (Adler), mas também do que reputa ser o vazio
existencial.
Para o analista, a neurose
revelaria antes de mais nada um ser frustrado de sentido, o que o levou a
concluir que a exigência fundamental do homem não é nem a emancipação sexual,
nem a valorização do self, mas a "plenitude de sentido". Segundo
Frankl, a compensação sexual não seria nada além de um Ersatz para com a falta
de sentido existencial. Por isso, conclui, o terapeuta não pode negligenciar a
espiritualidade do analisado e a logoterapia passa a estar centrada no
inconsciente espiritual, mais do que nas pulsões.
Em "O Deus
Inconsciente", Frankl repudia a psicanálise tradicional, declarando que
"...degradando o 'eu' em simples epifenômeno, Freud, por assim dizer,
traiu o 'eu' em favor do 'isso'; mas ao mesmo tempo ele, por assim dizer,
insultou o inconsciente, vendo nele nada além do que é do 'isso' - o instintivo
- deixando escapar aquilo que é do 'eu' - o espiritual".
Para o autor, haveria um hiato
ontológico entre o instinto e o espírito. Ele considera o homem uma totalidade
trinária e tridimensional, com expressão psicológica, biológica e espiritual.
Segundo Frankl, Freud teria negligenciado a terceira dimensão.
No seu livro A Busca do Homem por
Sentido (publicado pela primeira vez em 1946), Frankl relata suas experiências
como interno de campo de concentração, descrevendo seu método psicoterapêutico
para encontrar sentido em todas as formas de existência (mesmo as mais
sórdidas) e, daí, uma razão para continuar vivendo.
Em suas próprias palavras "O
homem, por força de sua dimensão espiritual, pode encontrar sentido em cada
situação da vida e dar-lhe uma resposta adequada.”
Em Viena, em 1983, no Prefácio
que faz da sua obra Em Busca de Sentido, à edição de 1984, Frankl, afirma: “
...o Pós-escrito de 1984 a este livro é intitulado A Tese do Otimismo
Trágico".
O capítulo se refere a
preocupações dos dias de hoje e a como é possível dizer sim à vida, apesar de
todos os aspectos trágicos da existência humana. Espera-se que um certo
"otimismo" com relação ao nosso futuro possa fluir das lições
retiradas do nosso "trágico" passado.
Sua filosofia é fundamentalmente
otimista e baseada na crença - fruto de sua experiência pessoal - de que o fim
último da existência humana tem uma meta fora do próprio indivíduo, fim este
que lhe dá o sentido da própria existência.
Outras citações úteis para a
compreensão de seu pensamento podem ser invocadas, como no Prefácio que faz da
Edição de 1984 à sua obra Em Busca de Sentido:
“ Não procurem o sucesso. Quanto
mais o procurarem e o transformarem num alvo, mais vocês vão errar. Porque o
sucesso, como a felicidade, não pode ser perseguido; ele deve acontecer, e só
tem lugar como efeito colateral de uma dedicação pessoal a uma causa maior que
a pessoa, ou como subproduto da rendição pessoal a outro ser.”
E ainda, no mesmo prefácio da
edição de 1984 de Em Busca de Sentido:
“ Quero que vocês escutem o que
sua consciência diz que devem fazer e coloquem-no em prática da melhor maneira
possível. E então verão que a longo prazo - estou dizendo a longo prazo - o
sucesso vai persegui-los, precisamente porque esqueceram dele.”
Finalmente:
“Nós que vivemos nos campos de
concentração podemos lembrar de homens que andavam pelos alojamentos
confortando a outros, dando o seu último pedaço de pão. Eles devem ter sido
poucos em número, mas ofereceram prova suficiente que tudo pode ser tirado do
homem, menos uma coisa: a última das liberdades humanas - escolher sua atitude
em qualquer circunstância, escolher o próprio caminho.”
Por essa e outras razões, Viktor
Frankl é uma das figuras-chave da terapia existencial, ou existencialista. Sua
vida e sua obra são, para certos analistas, uma sequência de atos e fatos que
se desencadeiam em um testemunho inquestionável do poder desafiador do
espírito. Para Frankl, a "busca de sentido" é uma exata e precisa definição
da natureza humana.
Em sua obra, Frankl não recomenda
nenhuma religião ou confissão constituída, muito menos alguma Igreja em
especial. A todo tempo ele remete o leitor às suas próprias preferências e
escolhas.
Alguns analistas entendem que um maior estudo da obra de Viktor
Frankl seria capaz de ajudar a psicanálise a se libertar de dogmas
problemáticos para a sua coerência.
Trabalhos publicados:
Man's Search for Meaning. An Introduction to Logotherapy,
Boston: Beacon, ISBN 0-8070-1426-5; Random House/Rider, London 2004, ISBN
1-84413-239-0; Washington Square Press; ISBN 0-671-02337-3.
On the Theory and Therapy of Mental Disorders. An Introduction to Logotherapy and
Existential Analysis, Brunner-Routledge, London-New York 2004. ISBN
0-415-95029-5.
Psychotherapy and Existentialism. Selected Papers on Logotherapy, New
York: Simon & Schuster
The Will to Meaning. Foundations and Applications of
Logotherapy, New York: New American Library, ISBN 0-452-01034-9.
Man's Search for Ultimate Meaning, Perseus Book Publishing, New York,
1997; ISBN 0-306-45620-6, Perseus Book Group; New York, July 2000; ISBN
0-7382-0354-8.
Referências bibliográficas:
FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo
de concentração. Petrópolis: Editora Vozes, 1991. ISBN 85-326-0626-2 ISBN
85-233-0274-3
FRANKL, Viktor E. Sede de Sentido (Neurotização da
Humanidade ou Reumanização da Psicoterapia?) São Paulo: Quadrante, Soc.
Publicações Culturais, 1989.
Fonte: Wikipédia