Caras leitoras, continuaremos a conversar sobre Felicidade. Pense o seguinte: podemos nos enganar com relação a muita coisa - o preço da gasolina, o tempo de vida dos ácaros, a história da luz elétrica - mas será que podemos nos enganar em relação a nossa experiência emocional?
Pois bem, essa semana, vamos entender um pouco mais sobre o funcionamento da nossa mente e a Felicidade.
Podemos dizer que toda afirmação de felicidade
é feita a partir do ponto de vista de alguém, a partir da perspectiva de um só
ser humano cujo ponto único de experiências vividas serve de contexto, de lente
e de histórico para avaliar uma experiência atual. Vamos tentar esclarecer melhor essa afirmação.
É muito comum não acreditarmos naqueles que se dizem felizes apesar de viverem
em circunstâncias que acreditamos ser incompatíveis com tal sentimento. “Eles pensam que são felizes porque não têm a
menor noção do que estão perdendo”, diriam alguns de nós a eles. Pois bem,
quando não sabemos o que estamos perdendo, talvez seja possível dizer que somos
felizes de verdade, sob determinadas circunstâncias que não nos fariam felizes,
caso tivéssemos a experiência daquilo que está nos faltando. Mas, atenção: isso
não significa dizer que aqueles que não sabem o que estão perdendo sejam menos
felizes do que os que têm o que lhes está faltando.
Sendo assim, ao reconhecermos
tal fato, concluímos que, se passássemos por experiências cada vez mais
felizes, todo dia seria a revogação do dia anterior e perceberíamos
incessantemente como vivíamos completamente iludidos.
Avancemos um pouco mais
nessa descoberta da Felicidade pensando em como tomamos consciência das nossas
emoções. Estudos nos mostram que o fato de nos excitarmos sem saber exatamente
o que causou tal sensação, influi de maneira importante em nossa capacidade de
diversas interpretações; a interpretação que escolhemos depende do que
acreditamos ter sido sua causa. Nesse sentido, é bem possível confundirmos medo
com desejo sexual, apreensão com culpa, verginha com ansiedade, etc. Contudo,
pelo fato de nem sempre sabermos dar nome às nossas experiências emocionais,
isso não significa que não sabemos como elas são. Talvez não saibamos como chamá-las
e nem explicar sua causa, mas sabemos sempre que tipo de sensação ela dá, não é
mesmo?
Todos os pesquisadores do
campo emocional concordam que é difícil compreender a diferença entre passar
por uma experiência e ter consciência disso porque, na maior parte do tempo, as
duas coisas andam sempre juntas. Muito dessa confusão deve-se ao fato de que
nossa experiência visual e nossa experiência de consciência são geradas por
partes diferentes do nosso cérebro. Certas pessoas parecem ter consciência
perfeita de seus sentimentos e humores e podem até descrever suas nuances com o
talento de um grande escritor. Outras são equipadas com um vocabulário
emocional mais restrito que, para tristeza de seus parceiros amorosos, consiste
apenas nos seguintes termos: bom; muito bom; já te disse. Se o déficit de expressividade emocional for muito
profundo e duradouro, talvez essa pessoa seja diagnosticada com alexitimia, que literalmente significa “ausência
de palavras para descrever estados emocionais.” Quando se pergunta a alguém que
possua essa disfunção, o que está
sentindo, normalmente ela responderá: “nada”. Se perguntar como está se sentindo, ela responderá: “não sei”.
Portanto, voltando à questão
inicial desse Post: podemos acreditar que
estamos sentindo algo que, na realidade, não estamos? A resposta é SIM!