Caras leitoras, nesse domingo especial quero homenagear todos os pais com um Poema de Thiago de Melo. Esse poeta e pastor era muito admirado por minha mãe. Lembro-me com carinho das festas em família onde ela gostava de recitar poemas desse autor. Todos gostavam e se emocionavam.
Acho esse poema atual e muito apropriado para o momento que estamos vivendo.
Ao desejar um Feliz Dia dos Pais, primeiramente ao meu esposo amado, bem como a todos os pais dessa nação, peço a Deus que os ilumine para serem exemplo de integridade e fé para seus filhos e netos.
Estatuto
do Homem
(Thiago de Mello)
Artigo
I
Fica decretado que agora vale a verdade,
que agora vale a vida
e que de mãos dadas
trabalharemos todos pela vida verdadeira.
Artigo
II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de
Domingo.
Artigo
III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia
inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.
Artigo
IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo
único:
O homem confiará no homem
como um menino confia em outro menino.
Artigo
V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usara couraça do
silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.
Artigo
VI
Fica estabelecida, durante dez séculos
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de
aurora.
Artigo
VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da
claridade
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.
Artigo
VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagra da flor.
Artigo
IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha sempre
o quente sabor da ternura.
Artigo
X
Fica permitido a qualquer pessoa,
a qualquer hora da vida,
o uso do traje branco.
Artigo
XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.
Artigo
XII
Decreta-se que nada será obrigado nem
proibido.
Tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo
único:
Só uma coisa proibida:
amar sem amor.
Artigo
XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada
fraternal
para defender o direito de cantar e a festa
do dia que chegou.
Artigo
final:
Fica proibido o uso da palavra liberdade
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
ou como a semente do trigo,
e a sua morada será sempre o coração do
homem.