Eu confesso que nunca tive o
bom costume de parar para refletir, sem ninguém precisar mandar. Sempre fui
daquele tipo de pessoa que vai tocando a
vida e deixando as coisas acontecerem
primeiro, para depois se preocupar, deixando o botão do “piloto automático” acionado
o tempo todo. Parar para meditar, para refletir, para se autoconhecer, sempre
foi “para os fracos” (rsrsrs).
Porém, tenho percebido que,
à luz da Palavra de Deus, não é bem essa postura de laissez faire que devemos adotar. Lemos no livro de Provérbios 4:
25-27 o seguinte: “Olhe sempre para a frente, mantenha o olhar fixo no que está adiante
de você. Veja bem por onde anda, e os seus passos serão seguros. Não se desvie
nem para a direita nem para a esquerda; afaste os seus pés da maldade.”
Somos, pois, admoestadas nessa passagem a planejarmos nossas ações e,
consequentemente, a seguir todas as etapas que envolvem um bom planejamento,
começando por nos conhecermos e conhecermos a vontade de Deus para nós.
Buscar um pouco de silêncio
para pensar, sem ruídos de TV, sem celular apitando, sem televisão ligada, sem
gente por perto, parece facilitar essa tarefa. Buscar durante a semana um espaço
para refletir sobre nosso modo de vida, como temos agido, o que temos
priorizado, como temos nos alimentado ou nos exercitado, como temos tratado os
nossos semelhantes, tudo isso é importante e merece energia de nossa parte. É sempre
bom tentar se conhecer melhor e identificar aqueles pontos fracos que precisam
ser vencidos.
A consciência da importância
de tudo isso e as promessas dos efeitos positivos em relação a uma postura mais
madura e reflexiva, eu conheço bem, teoricamente falando.
Porém, devo confessar que,
somente agora, ao ver meu aniversário de cinquenta anos se aproximando é que
pude parar, ou melhor, me deixei parar, meditar e fazer algumas projeções sobre
meu futuro. Tudo isso, claro, submetido à Soberania de Deus sobre minha vida.
Estou apenas começando.
Ainda não posso dizer que isso virou hábito. Sinto-me como um aluno novo numa Academia
de Ginástica. A cada semana avanço um pouco mais no tempo e na qualidade desses
momentos de reflexão pessoal. Esses momentos costumam envolver o que chamo de Exercício de Projeção, ou seja, tentar
me projetar no futuro, em diferentes áreas da minha vida e fazer uma breve
análise de como seria.
Algumas dessas projeções eu faço acompanhada
do meu esposo, que, curiosamente, já desenvolve essa atitude reflexiva há mais
tempo que eu. Isso me tem ajudado bastante.
Nós costumamos tirar um tempo para
elocubrar sobre nossos projetos para aposentadoria, sobre os possíveis locais
onde gostaríamos de morar, sobre os maus hábitos que estamos lutando para
vencer, sobre como serão nossos genro e nora, ou, nossos netos, etc.
O curioso é que estou
gostando disso. Não sei se pelo fato de ter mais tempo livre ultimamente, estou
me permitindo parar e fazer coisas desse tipo e refletir sobre mim: como estou
hoje; o que ainda quero ser; o que quero modificar na minha personalidade;
hábitos novos que quero obter e por aí vai...
Vale destacar que isso deve
ser feito de forma leve, sem cobranças, sem peso, mas, ao mesmo tempo, me obrigando a ter uma atitude
pró-ativa e a me programar.
Vou dar alguns exemplos dos
exercícios que ando fazendo: ao refletir sobre minha saúde e já pensando na
minha velhice, tento identificar os problemas de saúde mais recorrentes dos meus
avós e dos meus pais, e, com base nisso, bem como de um check-up periódico,
estou procurado melhorar minha alimentação, fazer alguns tratamentos médicos
profiláticos, realizar atividade física regular e excluir maus hábitos que, a
longo prazo, se não fossem modificados, seriam
nocivos à minha saúde.
Um outro exemplo: pensando
nas atividades profissionais que sempre realizei, na minha formação acadêmica e
no que ainda posso fazer no futuro, decidi me preparar antecipadamente para a
minha aposentadoria, imaginando-me em situações as mais inusitadas e tentando
me preparar para minha segunda carreira.
Nessa direção, estou me
organizando mentalmente, ou seja, lendo livros sobre temas diversos que me
interessam e biografias de pessoas que já se encontram na terceira ou quarta
carreira. Isso tem me ajudado a refletir sobre o que desejo e o que não desejo
para o futuro da minha vida produtiva.
Paralelamente a essas
leituras extremamente diversificadas, estou procurando conhecer outras
habilidades que tenho, mas que desconhecia e estou explorando algumas áreas que
me eram totalmente estranhas, onde jamais atuei profissionalmente, tal como:
gastronomia, saúde e bem-estar. Já fiz alguns cursos na área de gastronomia,
aromaterapia, portfólio digital, massagem terapêutica, alimentação saudável, dentre
outras, a fim de explorar outros universos que me eram desconhecidos e perceber
como me comporto e me sinto, nesses outros contextos.