Desculpem o tamanho dos Posts! Ficaram um tanto longos, me perdoem. Na verdade, acho que me empolguei
com o assunto e precisava dessa catarse com as palavras. Escrever me acalma, me
traz mais leveza. Penso escrevendo, sabe como? O isolamento social também tem contribuído
para eu gastar mais tempo em companhia do teclado.
Gostaria de repartir com vocês um pouquinho da minha experiência nos grupos de
wapp de mulheres em tempo de quarentena.
Dentre os cinco grupos de mulheres dos quais faço parte, escolhi dois deles
para compartilhar com vocês, repartindo um pouco da minha relação com o
universo virtual feminino. No Post anterior, apresentei algumas
vulnerabilidades que surgiram ao participar de um grupo recém-formado, no qual
me sinto ainda caloura na arte de comunicar-me de forma eficaz. Hoje, apresentarei a vocês outras vulnerabilidades, mais voltadas para a questão da
interação em grupos grandes de wapp.
Ano passado, fui convidada por uma senhora cristã a participar
de uma reunião de oração em sua residência. Demorei a aceitar o
convite, me sentindo um pouco tímida por não conhecer ninguém. Em Brasília,
onde morei minha vida toda, frequentava muitas reuniões de oração com mulheres
e estava sentindo falta disso aqui em São Paulo. Um belo dia, lá fui eu: bolo
de banana numa mão e bíblia na outra. Como era num apartamento, eu esperava
encontrar doze a quinze mulheres, no máximo. Porém, chegando lá, deparei-me com
um grupo de, mais ou menos, umas trinta mulheres, de todas as idades, belas, educadas, reunidas para buscar a Deus em plena segunda-feira. Fiquei surpresa! Fui super bem
acolhida pela anfitriã lindíssima e educadíssima. A pastora trouxe a palavra e
o momento de louvor ficou a cargo dos clipes no youtube. Seguiu-se o momento de oração e depois o lanchinho. Tudo
maravilhoso! Conversei com algumas mulheres e tentei enturmar-me na devida
proporção de um primeiro encontro. Fui muito bem acolhida e segui participando pro um tempo.
Ao final da reunião, a anfitriã me perguntou se eu
queria fazer parte do grupo delas de oração no wapp. Logo respondi que sim,
tendo uma referência prévia do que é participar de grupos dessa natureza.
Porém, estranhei a reação dela com minha pronta resposta afirmativa. Ela,
educadamente, me perguntou novamente: você tem certeza que deseja participar? E
emendou dizendo e sorrindo: é que nosso grupo começa a postar mensagens bem
cedinho e eu recomendo deixar no silencioso o alarme de recebimento de
mensagens no seu celular, caso queira mesmo participar. Entendi a explicação dela
e reafirmei minha aquiescência ao convite.
Voltei pra casa e no dia seguinte, sem nem estar lembrada
da minha adesão ao novo grupo do wapp, tomei café, fiz minha devocional e
quando fui olhar o wapp no meu celular, apareceu o símbolo desse novo grupo. As
sete horas da manhã já havia uma quantidade significativa de mensagens
postadas. Lembrei-me, imediatamente, da
cautela que a anfitriã teve ao me convidar para fazer parte desse grupo de
wapp. Procurando entender o volume de mensagens recebidas naquele horário do
dia, corri para ver quantas mulheres faziam parte do grupo, afinal, nunca havia
sido surpreendida com tantas mensagens de uma só vez, antes das oito da manhã. Para meu espanto, o grupo
tinha naquela data, 127 participantes. Era, sem dúvida, o maior grupo de oração
no wapp do qual já havia participado. Hoje somos 247 mulheres. Uma bênção!
Minha primeira reação foi agradecer a Deus por tantas
mulheres buscando orar e se fortalecer na Palavra virtualmente, mas, quase que
concomitantemente a essa reação, tive certa curiosidade quanto ao volume diário de mensagens, vídeos, pedidos de oração
e leituras que seriam postadas ali. Pensei: saio ou fico nesse grupo? Vai sobrecarregar
meu celular. É muita gente! Embora conhecendo mais de perto, apenas 3 mulheres até aquele momento, resolvi permanecer no grupo. Daí começaram a surgir minhas vulnerabilidades pessoais alusivas ao contexto de macrogrupos, algo novo para mim.
Inicialmente, tentei lidar com minha participação
nesse grupo grande da mesma forma que fazia com os demais grupos de oração menores de wapp, procurando interagir com os participantes da
melhor forma possível, a saber: comentando as mensagens postadas, ouvindo todos os
clipes, todos os áudios de oração, orando junto com a host do grupo, abrindo todos os links, etc. Porém, ao final da primeira semana participando desse grupo, sentindo certa sobrecarga
de informações postadas, cheguei à conclusão de que teria que criar uma nova
forma de “participar” desse grupo que não tomasse muito o meu tempo, mas que me mantivesse envolvida na intercessão e edificação ali propostas. Não encontrei logo de cara a forma ideal, muito pelo contrário. Adotei formas variadas de interação. Por exemplo, quando optei por participar desse grupo ao estilo mulher invisível, eu escolhi não postar nada, não comentar nada, não enviar emojis e jamais me manifestar. Essa clandestinidade virtual em um grupo de oração no wapp é, por vezes, um exercício de autocontrole para mim, pois, embora eu seja uma pessoa que curte esse tipo de coisa, não posso extrapolar meu tempo diário para esse fim. Futuramente, talvez isso mude e a interação seja maior.
Penso que esse estilo que adotei talvez seja o da maioria das mulheres por ali. Um estilo meio unilateral de se relacionar. Confesso que não parei pra analisar isso numericamente falando. Funciona mais ou menos assim: receber as mensagens, ler algumas delas, ouvir o louvor do dia e
incluir alguns pedidos de oração postados no grupo em meu momento de oração diário. Porém, algumas vezes,
sinto-me como um parasita que
suga o alimento de seu hospedeiro, ao ser edificada por tudo que
ali é postado, sem nunca retribuir. Você já teve essa sensação em algum grupo grande de wapp de oração?
A forma de interceder pelos pedidos postados, no contexto de um grupo grande de wapp, foi também um processo pessoal de aprendizado repleto de vulnerabilidades. Eu não tinha o hábito de orar por pessoas que não conhecia. Sempre alguém me situava sobre o pedido de oração, me reportava de quem se tratava aquele pedido ou me mostrava a foto da pessoa, por exemplo. Isso me deixava mais próxima daquela pessoa, de alguma forma, na hora de interceder. Mas, nesse grupo grande isso não estava acontecendo, pois o volume era grande. Passei a ler os pedidos postados e a interceder por alguns deles, de uma forma pouco habitual. Confesso que essa impessoalidade ao interceder, me incomodava bastante.
Porém, com o passar do tempo, embora não conhecendo pessoalmente quem havia postado, comecei a focar no teor dos pedidos postados. Esse foi meu pulo do gato! Comecei a sentir uma forte afinidade com aquelas mulheres que postavam seus motivos de oração com tanta espontaneidade e fui percebendo que, embora não fossem pessoas do meu círculo de amizade, da minha família ou pessoas próximas, suas angústias e ansiedades diziam respeito a qualquer mulher, inclusive a mim. Eram dores, ansiedades, alegrias, agradecimentos, crises, conflitos e muitos outros motivos de oração que todas nós temos ou já tivemos um dia. Fui então aprendendo a colocar meu pé no sapato de cada uma delas, de uma forma genuína e sincera. Ao orar por essas mulheres que só conheço o número de seu celular, pude experimentar uma conexão diferente daquela que eu conhecia anteriormente. Minha conexão com elas passou a ser feita nos joelhos dobrados, aos pés do mesmo Pai. Foi incrível! Tenho um amor por elas e consigo, muitas vezes, sentir suas inquietações como se fossem minhas.
Sigo quebrando paradigmas e entendo que a forma pessoal ou impessoal de se relacionar nos grupos de wapp, sejam eles grupos de oração ou outros grupos, será sempre uma questão de escolha da nossa parte. Todavia, não dá para ser displicente nessa nova
forma de nos relacionarmos, de intercedermos e de nos edificarmos mutuamente, sobretudo, em um momento como o que estamos
vivendo, você não acha?
Ao compartilhar com vocês algumas das vulnerabilidades com as quais me deparo, bem como as formas que encontrei para aproveitar as oportunidades disponíveis no universo virtual, espero ter ajudado, de alguma forma. Meu desejo é que cada uma de vocês possa buscar seu próprio modelo de conexão e interação com outras mulheres, guardando sempre seus corações.
Finalmente irmãos, tudo que é verdadeiro, tudo que é
respeitável, tudo que é justo, tudo que é puro, tudo que é amável, tudo que é
de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que
ocupe o vosso pensamento. (Filipenses 4:8)
(Texto de 01/05/2020)