Caras leitoras, no Post dessa semana, daremos continuidade
ao artigo sobre Estresse, de autoria do Dr. Vladimir Bernik, inspirados nos últimos acontecimentos vivenciados na Copa do Mundo de 2014 com a nossa seleção.
Esse tema tem sido abordado
de diferentes formas e acredito que seja a causa de muitos males dos nossos
dias. Vale conhecer com profundidade esse fenômeno que tem feito tantas vítimas na nossa sociedade.
Estresse:
O Assassino Silencioso (Parte II)
Quais
São as Bases Funcionais do Estresse ?
Da
Silva, um cirurgião americano do século passado, foi o primeiro a perceber que
soldados feridos só caíam prostrados após alcançarem a meta: isto é, lutavam
ainda sob o efeito da 'adrenalina'.
O
fisiologista Walter Cannon observou que as reações alerta/luta e fuga em
animais desencadeavam um maciço aumento das catecolaminas urinárias
(substâncias decorrentes do metabolismo da adrenalina).
O
cientista que estudou pela primeira vez o estresse, Hans Selye descreveu uma
resposta fisiológica generalizada ao estresse, caracterizada pela seguinte
seqüência:
A
percepção de um perigo eminente ou de um evento traumático é realizada pela
parte do cérebro denominado córtex; e interpretada por uma enorme rede de
neurônios que abrange grandes partes do encéfalo, envolvendo, inclusive, os
circuitos da memória;
Determinada
a relevância do estímulo, o córtex aciona um circuito cerebral subcortical,
localizado na parte do cérebro denominada sistema límbico, através das
estruturas que controlam as emoções e as funções dos sistemas viscerais
(coração, vasos sanguíneos, pupilas, sistema gastrointestinal, etc.) através do
chamado sistema nervoso autônomo.
Estas estruturas são a amígdala e o
hipotálamo, principalmente. A ativação dessas vias vai causar alterações como
dilatação pupilar, palidez, aceleração e aumento da força das batidas cardíacas
e da respiração, ereção dos pelos, sudorese, paralisação do trânsito
gastrointestinal, secreção da parte medular das glândulas adrenais (adrenalina
e noradrenalina), dentre outras, as quais constituem os sinais e sintomas da
ativação tipo luta-ou-fuga descrevidos por Cannon.
Ao
mesmo tempo, o hipotálamo comanda uma ativação da glândula hipófise, situada na
base do cérebro, com a qual tem estreitas relações. No estresse, o principal
hormônio liberado pela hipófise é o ACTH (o chamado hormônio do estresse), que,
carregado pelo sangue, vai até a parte cortical (camada externa) das glândulas
adrenais (situadas sobre os dois rins), provocando um aumento da secreção de
hormônios desse complexo. Estes hormônios têm amplas ações sobre praticamente
todos os tecidos do corpo, alterando o seu metabolismo, a síntese de proteínas,
a resistência imunológica, as inflamações e infecções provocadas por agressões
externas, etc. O seu grau de ativação pode ser avaliado medindo-se a quantidade
de cortisol no sangue.
Essa
descarga dupla de agentes hormonais possui intensa ação orgânica: de um lado a
adrenalina, pela medula da adrenal, e de outro, os corticóides, pela sua camada
cortical, levaram os cientistas a caracterizarem essas glândulas como sendo o principal
mediador do estresse.
Essas
respostas são normais em qualquer situação de dano, perigo, doença, etc. Assim,
dizemos que existe um certo nível de estresse que é normal e até importante
para a defesa do organismo, ao qual denominamos de eustress. O perigo para o
organismo passa a ocorrer quando a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
se torna crônico e repetido. Nesse momento, começam a surgir as alterações
patológicas causadas pelo nivel constantemente elevado desses hormônios.
Assim,
reconhece-se que o estresse tem três fases, que se sucedem quando os agentes
estressores continuam de forma não interrompida em sua ação:
A
fase aguda: esta
é a fase em que os estímulos estressores começam a agir. Nosso cérebro e
hormônios reagem rapidamente e nós podemos perceber os seus efeitos, mas somos
geralmente incapazes de notar o trabalho silencioso do estresse crônico nesta
fase.
A
fase de resistência: se
o estresse persiste, é nesta fase que começam a aparecer as primeiras
conseqüências mentais, emocionais e físicas do estresse crônico. Perda de
concentração mental, instabilidade emocional, depressão, palpitações cardíacas,
suores frios, dores musculares ou dores de cabeça frequentes são sinais
evidentes, mas muitas pessoas ainda não conseguem relacioná-los ao estresse.
Essa síndrome pode prosseguir até a sua fase final e mais perigosa.
A
fase de exaustão: esta
é a fase em que o organismo capitula aos efeitos do estresse, levando à
instalação de doenças físicas ou psíquicas.
Daremos mais detalhes dessas
doenças e de outros males causados pelo estresse no próximo Post.