Ele era brilhante. Claramente um
menino prodígio… o orgulho de Salzburg… um artista por excelência. Aos cinco
anos de idade, ele escreveu um concerto. Antes de completar dez anos ele compôs
e publicou muitas sonatas e tocava de memória o melhor de Bach e Handel. Logo
após seu 12° aniversário ele compôs e conduziu sua própria ópera e foi
recompensado com o honroso compromisso de concertista da Orquestra Sinfônica de
Salzburg. Antes que sua breve vida acabasse, ele escreveu muitas operetas,
cantatas, hinos, oratórios, assim como quarenta e oito sinfonias, quarenta e
sete árias, duetos, quartetos com acompanhamento de orquestra, e mais de uma
dúzia de óperas. No total foram cerca de 600 obras!
Seu nome oficial era Johannes
Chrysostomus Wolfagangus Amadeus Theophilus Mozart.Com um nome desses, ele “tinha”
que ser famoso. Ele tinha apenas trinta e cinco anos quando faleceu. Viveu em
pobreza e morreu na obscuridão. Sua viúva parecia indiferente em seu enterro.
Alguns de seus poucos amigos foram até a igreja para seu funeral, mas foram
detidos por uma tempestade e impedidos de caminharem até a sepultura.
Naquela época ninguém se preocupou em
perguntar onde ficava a sepultura dele, que ficou impossível de identificar. A
sepultura, sem nada escrito nela – talvez o mais talentoso compositor de todos
os tempos – se tornou perdida para sempre. Não existe um santuário que marca
seu lugar de descanso para que os amantes da música possam ir visitar. Não
existem granitos com marcas para que seus admiradores possam contemplar. Não
têm lugar para as velas, flores para embelezar, turistas para reunir.
Mozart marcou sua época, e
desapareceu sem deixar vestígios. Ou não? Diferente de César, o bem que ele
fez, vive por ele. O mal foi sepultado com seus ossos. Somente um punhado de
amantes da música pode enumerar três ou quatro males daquele artista Austríaco.
E então o que de bom continua? Suas contribuições inigualáveis: seu estilo,
suas inovações iminentes, o toque de “Mozart”. Nenhum outro som é como o dele.
É dele, completamente. Um troféu que não leva em conta o tempo, criado por um
gênio. Em sua música, Mozart continua vivo. Sem igual.
Há muitos anos atrás uma das minhas
crianças e eu caminhávamos em um cemitério. Nós paramos e lemos algumas
sepulturas. Não conhecíamos nenhum dos falecidos. Foi um momento nostálgico. De
mãos dadas nós caminhamos e conversamos. Gentilmente. Pensativos. Estávamos em
solo sagrado. O tempo parou em cada sepultura. Deixamos o lugar em quietude.
Não vou me esquecer tão cedo das lições que aprendi ali:
Primeiro, a vida é curta.
Terrivelmente curta. Em cada sepultura havia aquele traço que indicava o ano do
fim de uma vida. Uma linha horizontal, ilustrando tempo. A sepultura de Mozart
(onde quer que esteja) indica: 1756-1791. E é só isso. Mas se aquele traço
falasse! Ensinaria-nos a próxima lição.
Segundo, a oportunidade é agora.
Não é mais tarde. Agora. Sua contribuição, que pode parecer pequena, é ímpar e
completamente sua. O que quer que seja – é aquele troféu em que você investe
diariamente. O aforismo antigo que eu escutei quando menino me persegue de vez
em quando: “Quatro coisas não podem ser retiradas: a palavra dita, a flecha
lançada, o tempo que passou e as oportunidades negligenciadas.”
Terceiro, a morte é certa. Você não
pode se esquivar dela. Ela chega, amigo. E com o tempo, assim como Mozart, você
pode parecer insignificante para os outros. Até esquecido. A única coisa que
vai perdurar serão suas contribuições pessoais, seus investimentos sem igual
durante a vida. Não o seu nome, ou sepultura… mas seu troféu eterno.
Tudo bem, se você não é brilhante, um
prodígio, um compositor de sinfonias. O que você é? Uma mãe de duas, três
crianças? Um executivo, um vendedor, um militar aposentado, estudante,
professor, viúvo, fazendeiro? Seu troféu é sua contribuição – em qualquer lugar
a qualquer hora. Conhecida ou desconhecida. É seu investimento, seu “toque”,
que viverá além da sepultura. Deus exibe esses troféus eternamente. É como o
que dizem de Abel: “dando Deus testemunho
de suas obras… depois de morto, ainda fala.” Tais troféus nunca se apagam.
By Charles
Swindoll
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