Caras
leitoras, finalizo essa temática com mais um pouco de história do tango
argentino. Espero que gostem e tenham a oportunidade de ouvir e apreciar algum dos sucessos desses
compositores argentinos que meu pai tanto apreciava.
História do Tango Argentino
Inicialmente,
o tango era dançado nos bares, nos cafés e em locais mais populares da cidade.
Recorde-se que no final do século XIX, dançar era socialmente errado. As danças
eram chamadas genericamente “Contradanza”. Os bailarinos tinham um contato de
mãos em determinados movimentos. Havia também as “danças redondas” nas quais o
movimento era circular.
O
Minueto era uma dança muito popular na Argentina.
A
palavra “contradanza” deve ter origem na dança inglesa, transformando-se no
contradance Francês e Italiano. Mozart e Bethoven escreveram Kontretanze. De
notar que a valsa vienense trouxe para fora dos salões a contradança. A valsa
vienense foi a primeira dança popular no mundo. Depois veio a Polka, mas esta
foi considerada escandalosa. Aliás, a sociedade europeia considerava as danças
uma atitude imoral.
Por
volta de 1880, na periferia de Buenos Aires, em casas de jogo e bares, homens
sós gastavam o tempo bebendo, jogando e procurando um romance, na companhia de
mulheres de baixa reputação, e dançando as novas danças … o Tango e a Milonga.
Recorde-se
que naquele tempo, dançar consistia num homem e numa mulher frente a frente, em
que o homem coloca a sua mão nas costas da senhora, isso, era demasiado ousado…
Agora
temos uma dança em que há um abraço, corpo com corpo, pés que invadem o espaço
do outro, uma conversa de amor e paixão, com ganchos e olhares de flirt, e
carícias…
As
mulheres decentes da época não aceitaram dançar, e as dos bares tinham de ser
pagas… Assim, se um homem queria praticar a nova dança tinha de ser com outro
homem.
Grupos de homens começaram a treinar, a improvisar e inovar, criando
movimentos novos que permitiram um grande desenvolvimento desta dança.
Se
um dançarino era bom, atraía as atenções das mulheres… surpreendendo-as.
Certamente que dançar entre homens, nada tinha a ver com homossexualidade.
Foi
assim durante muitos e longos anos. O tango era dançado por gente humilde e do
povo, já que famílias decentes não se expunham.
De
qualquer forma, os filhos das boas famílias dirigiam-se aos subúrbios onde
procuravam aventura e emoção. Começaram a ensinar às suas irmãs, meninas
vizinhas, e outros elementos femininos das famílias argentinas, como tias e
primas.
E
assim, o tango foi transportado dos subúrbios para a cidade, para as casas,
para os pátios, ainda que continuava a ser considerado um filho bastardo das
mulheres de má reputação.
Entre
1880 e 1930 a Argentina transformou-se muito, e Buenos Aires foi reconstruída.
A cidade colonial velha, com edifícios velhos e ruas estreitas, foi substituída
por avenidas largas, parques e edifícios bonitos de arquitetura francesa e
italiana. O país tornou-se um dos 10 mais ricos do mundo, posição que manteve
até aos anos 50.
Durante
esta época os “ricos” ganharam o hábito de ir à Europa (Paris, Londres) pelo
menos uma vez no ano. Os seus filhos estudavam na Europa e estes ajudaram a
introduzir o Tango Argentino na Europa. Criaram-se orquestras, lições de tango,
e as mulheres tiveram de mudar para se adaptarem aos movimentos da dança.
O
Tango transformou-se na dança do momento na Europa.
De
volta a Buenos Aires, foi recebido como o filho mais amado.
(Fonte: Portal SF)
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