Vamos avançar um pouco mais
na descoberta da Felicidade. Hoje vamos refletir sobre as nossas lembranças do
passado e sua relação com o presente e o futuro. Sabemos que é mais fácil nos
lembrarmos do nosso passado do que pensarmos em novas possibilidades na hora de
tomarmos alguma decisão e isso, muitas vezes, nos leva a certas atitudes
estranhas. Por que isso acontece?
Pois bem, para alguns
estudiosos, a comparação e o “presentismo” afetam diretamente nossa capacidade
de imaginar sentimentos futuros. Entenda-se por “presentismo” a tendência de julgar figuras históricas a
partir de padrões contemporâneos. Na opinião deles, se quisermos prever
como vamos nos sentir no futuro em relação a alguma coisa, teremos de
considerar o tipo de comparação que faremos no futuro, e não o tipo de
comparação que estamos fazendo no presente.
O fato de fazermos
comparações diferentes em momentos distintos – sem perceber - pode esclarecer
em parte, algumas questões intrigantes que, se não fosse por isso, ficariam sem
explicação. Por exemplo: economistas e psicólogos observaram que perder um
dólar causa mais impacto do que ganhar o mesmo valor, razão pela qual muitos se
recusam a apostar suas economias, mesmo que tenham 85% de chance de dobrá-la,
contra apenas 15% de chance de perder tudo. A probabilidade de ganhar uma
quantia alta, não compensa a probabilidade de perder a mesma quantia, pois
achamos que uma perda é pior do que um ganho. Contudo, isso depende diretamente
da comparação que é feita.
Vamos tentar resumir isso:
as comparações que fazemos influenciam profundamente nossos sentimentos e,
quando não percebemos que as comparações que fazemos hoje, não são as mesmas que
faremos amanhã, subestimamos como é diferente o que vamos sentir no futuro
daquilo que sentimos no presente. Em função de o tempo ser um conceito
abstrato, nossa tendência é imaginar o futuro com um toque do presente. Isso
faz com que os futuros imaginados se pareçam sempre com versões pouco
modificadas do presente. Você não já vivenciou isso? Isso se deve ao fato de que a realidade do
momento presente é tão palpável e tão forte que retém a imaginação numa órbita
muito próxima, de onde ela jamais escapa por completo.
Pois bem, tentando concluir
a reflexão de hoje: o “presentismo” ocorre porque não conseguimos reconhecer
que nossos “eus“ futuros não enxergarão o mundo tal como o enxergamos hoje.
Essa incapacidade fundamental de nos colocarmos no lugar da pessoa que seremos
durante o resto de nossas vidas é o problema mais insidioso que um futurista
pode enfrentar.
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